
de repente o gesto desesperado
nos salva
lança-nos nas sombras
do insondável presente
esse assombroso intervalo
nas dobras entre as vértebras rotas
da vertiginosa fratura da rotina
do ato inesperado
verte o amálgama de sangue
e ossos triturados na engrenagem da alma
grudando o vidro da retina
à pele enrugada do mundo
assim acuados
de repente
despertamos opacos
tateando o pálido dorso da fera
translúcida em cujo desfigurado semblante
vemos nosso rosto prefigurado
(jun/2013)