segunda-feira, 2 de julho de 2018

Não entres nessa noite docilmente (Dylan Thomas)




Não entres nessa noite docilmente,
A velhice deve arder em delírio ao fim do dia.
Lances contra a luz que se apaga um grito demente

O sábio, para quem a morte é certa e segura,
Sabe que sua palavra não retém a luz que via,
E não entra nessa noite com doçura.

O homem bom, que nas últimas ondas pressente
Suas débeis façanhas esvanecer na verde baía,
Lança contra a luz que se apaga um grito demente.

Os insanos, que quiseram agarrar e cantar o sol em sua loucura,
Tarde demais aprenderam que o oprimiam em sua travessia,
E não entram nessa noite com doçura.

O homem grave, que diante da morte vê como cego vidente
Olhos opacos como astros resplandecerem de alegria,
Lança contra a luz que se apaga um grito demente.

E tu, meu pai, agora distante nessa triste altura,
Amaldiçoa-me, abençoa-me com tua lágrima arredia
Não entres nessa noite com doçura
Lança contra a luz que se apaga um grito de loucura.

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